segunda-feira, 2 de maio de 2011

Transportugal Day 1-3 (by André)

By André:


Dia 1 – Bragança – Freixo de Espada à Cinta (142km, 3842m)


Já no briefing esta etapa tinha sido diagnosticada como dura porque tinha um pouco de tudo e também pela sua distância de 142km… Com passagem por Vale de Frades, Caçarelhos e Sendim, o percurso percorria inúmeras estradas de paralelos e estradões com mais ou menos pedra no início. Já numa parte final, a partir para aí do km 90, as coisas mudavam um pouco – um trilho mais verde com verde nos lados e no meio e ao km 100 também começa a chover. Nem foi muito mau porque não seguia sozinho e consegui aprender alguma coisa com quem rolava imediatamente à minha frente, mas rapidamente a lama se acumulou no trilho e a transmissão não simpatizou muito! Ainda assim já quase no final o Sol voltou a brilhar.


Esta prova ficou marcada pela minha queda ao KM2, em que raspei a perna esquerda e o tornozelo que não estão muito bonitos e que me foram a incomodar os restantes 140km… Enfim, foi azelhice, sai na frente, primeira curva de 90º à esqueda em calçada molhada e com alguma areia! Felizmente nenhum outro ciclista passou por cima de mim, cai do lado de dentro da curva!


Na chegada a Freixo de Espada a Cinta mira-se o Douro e as suas belas margens por uns breves 5km meios a descer, meios planos. No fim, o último km era a subir. Mas Freixo até é giro e nesse km percorremos a parte histórica.


É engraçado quando chegamos ao km 40 e normalmente estamos habituados a pensar "Metade já está!" ou "Faltam só 30km". E não como foi agora "Ainda faltam 102km" e 

"ainda só foi o aquecimento".


Nesta etapa a Kate, foi mordida por um cão no joelho, conseguiu fazer média de 19km/h com essa mazela (apenas menos 0,48km/h que eu), e depois quando chegou foi levar pontos ao hospital. Ficou neste dia em 4º no Geral. Ainda corre e está a dar tareia!


Depois de jantar um esparguete insonso e massa sem sal, uma sobremesa com nozes e mel e chantilly, fomos para um dos cinco hotéis destinados aos atletas. Um junto ao Douro, onde decorria uma farra até à 0.00… Enfim… e ficamos com mais outro atleta no quarto que até aí não conhecíamos. O pequeno-almoço seria no pavilhão onde terminou a prova, em Freixo e o autocarro passaria para nos ir buscar às 08.30.

 

Dia 2 - Freixo de Espada à Cinta – Guarda (110km, 2892m)


Aqui em cima existe alguma areia nos trilhos e o cenário pouco mudou em relação à primeira prova. Tinha alguns singletracks mais para o fim e umas calçadas romanas para se fazer e massajar os pulsos. O grosso da paisagem, além de uns montes aqui e além são uns mini-montes com árvores com 10m de altura e 30/50 de diâmetro… Terreno áspero e aqui e ali um pouco verde. Sim porque a organização volta e meia pede-nos que rocemos na vegetação para abrir alguns trilhos J!


A destacar a passagem pelo interior de uma aldeia fortificada Almeida e o Castelo Rodrigo, este obrigou a subir do km 18 ao km 37.


Não correu como queria, se no primeiro dia senti as pernas presas e a não responderem tanto como queria, neste segundo tive problemas de hidratação do km 85 ao 95 (duas barras e um gel resolveram mas demoraram estes 10km a fazer efeito). – Sei eu bem que o problema disto foi o pequeno almoço que foi uma treta, pão a conta gotas, fiambre, queijo e manteiga, leite e café… apenas isto…

 

Dia 3 – Guarda – Unhais da Serra (108km, 3683m)


Acordar na Guarda, melhor pequeno-almoço até agora e carregar o saco de 145 litros até à recepção do hotel. Só um elevador em hora de ponta obrigou a que usássemos as escadas e chegássemos já à linha de partida com o aquecimento feito.


Para quem fez o campeonato nacional e o GeoRaid do ano passado, devo dizer que o percurso pouco mudou e começo a conhecer o parque natural da serra da estrela melhor do que muitos sítios perto de casa. Logo no início umas belas subidas para depois descer uma calçada que, enfim, é só pancada nos braços… Já ao km 15 começávamos a subir a sério até aos 1600m e km 42 (os últimos 3,5km era a subida da Santinha), pouco antes de lá chegar consegui ultrapassar o 9º da geral mas acabei por ter de o largar ao km 65 – parei para tirar um galho do desviador e aproveitei para urinar e nunca mais o apanhei (acabou por me dar 20 minutos até à meta)! Nestes km, do 45 ao 65, era um constante sobe e desce lá em cima, com muito calhau mas também com zonas rolantes. Do 68 ao 75 desceu-se por onde subiu o campeonato nacional subiu o ano passado. Do km 75 ao 93 era subir pelo lado esquerdo do vale glaciar mas lá em cima (e foi esta a única parte do trajecto que não conhecia). Com umas picadas valentes e muita pedra! Depois, do km 93,5 ao 108 quase não pedalei, foi descer desde aquela rotunda que dá para as Penhas por uma estrada de alcatrão que está vedada aos carros por motivos de deslizamento de pedras. J Que maravilha! Ainda assim fiquei com os mindinhos dormentes pela trepidação do guiador. Descer até à meta não é assim muito comum nas etapas do TransPortugal. 


6h28' a pedalar, 3 barras comidas, e um 15º lugar não foi mal! Senti que esta etapa foi a mais fácil até agora e senti-me melhor que nos dois primeiros dias.


Este hotel é espectacular, com jacuzzi e piscinas ligados e rochas artificiais e com uma bela paisagem sobre as encostas da serra da estrela, recomendo.


Amanhã Unhais da Serra – Monfortinho (110km, 2982m) os organizadores estimam que os corredores terminem 1h mais cedo que hoje, portanto também deve dar para descansar bastante! Há quem diga que é o dia mais fácil do Transportugal – eu já não digo nada!

 

Curiosidades:

1.       Se me oferecessem massagens pedia para as costas e não para as pernas!

2.       Estou farto de barras!

3.       Espero que os equipamentos sequem em tempo útil!

4.       Só fiz 15 metros da subida da Santinha a pé (a técnica está a melhorar!)!

Quanto à questão dos trackers aquilo não é de fiar, tenho colegas que já acabaram a prova e segundo os trackers eles ainda estão no km 20/30.


Hoje devo subir na classificação geral! Fiz 18, 18, 15. O desempenho está a melhorar! Acho que me estou a acostumar a isto! ;)


Deixo-vou uma fotografia do meu irmão a chegar à meta hoje porque isto com a internet não está muito fácil!


Abraço,

André Oliveira

 


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